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Conferência "Querer Crer - Ousa lutar!" - Prof. Doutor João César das Neves

20 Novembro 2014

Na passada quinta-feira, dia 20 de novembro, o Centro de Educação Integral de São João da Madeira realizou a sua conferência anual, acolhendo o ilustre convidado Professor Doutor João César das Neves para discussão subordinada ao tema “Querer crer, ousa lutar!”.

Este tema consagra o projeto curricular de escola para o ano letivo de 2014/2015 e, acima de tudo, a missão que envolve toda a comunidade educativa. Assim sendo, não é de estranhar que o auditório da escola estivesse praticamente com lotação esgotada com pais, encarregados de educação, alunos, professores, funcionários e público em geral.

É um desafio difícil manter a isenção no relato das palavras desta conferência, pois refletir sobre missões educativas é refletir sobre pessoas, sobre o futuro e sobre a inexactidão da natureza humana. Acreditamos que isso está subjacente na posição expressa pelo orador quando afirma que o projeto do CEI tem tudo para ser incrível, mas é também necessário estar consciente dos seus limites. Atentemos no carácter metafórico de que a conferência se revestiu: o ser humano é, indiscutivelmente, um ser de questionamento, logo, somos a única espécie capaz de colocar perguntas e de se espantar. Portanto, somos também a única espécie a querer crer em respostas, a formar crenças ao longo da vida que suportem as nossas certezas sobre a vida, sobre o mundo e sobre o eu, e, fundamentalmente, aquerer acreditar nessas certezas. Mas precisamos de um caminho, precisamos de saber por onde ir, precisamos do Cordeiro de Deus quando, como refere o Professor Doutor, os apóstolos João e André seguem Deus porque Ele é o caminho. 

Considerar a Escola como um dos caminhos, ou como refere o orador, a Escola poder ser um dedo que aponta o caminho é precisamente o que torna a missão do CEI fantástica e pertinente. Fantástica porque é ela o palco das respostas que buscamos, porque é nela que todos depositam a esperança de um futuro e de um mundo melhores. Pertinente porque, hoje mais do que nunca, enfrentamos uma crise económica e social e não temos outro caminho senão o de acreditar em Portugal.

O economista chega mesmo a confessar que, contrariamente a outras datas em que enfrentamos uma ajuda e assistência financeiras, nesta terceira vinda do F.M.I. (Fundo Monetário Internacional) a Portugal, os portugueses não têm deixado de ser portugueses para se tornarem exclusivamente europeus. Temos ousado traçar um caminho em que não deixamos de acreditar em nós mesmos.

No entanto, a natureza humana permanece inexacta, e a este propósito, o economista recorda-nos que, todos vemos o Caminho que é o Cordeiro de Deus, mas ainda assim, muitos não hesitam em negá-Lo, traí-Lo ou mesmo fugir Dele. E aqui residem os nossos limites e os nossos espantos existenciais, temos o Caminho, somos o Caminho e ainda assim ousamos não querer crer Nele. Perdemo-nos de cada vez que, afirma o orador, ao invés de olhar o caminho que o dedo aponta, atentamos o dedo e julgamo-lo. O mesmo seria afirmar que perdemos o nosso caminho de todas as vezes que a discussão política em torno da saída da crise em Portugal se esvai em demagogias mais preocupadas em apontar o dedo aos dedos alheios, do que a criticar seriamente os caminhos e os horizontes para que os dedos de todas as cores partidárias apontam. O mesmo também seria afirmar que perdemos a nossa missão educativa se permitirmos que os nossos alunos percam a esperança, a vontade e a ousadia e fiquem vazios de respostas, de crenças, ou mais gravemente, que não saibam escolher as boas certezas.

Todos necessitamos de respostas, mas nem sempre isso é sinónimo de adotar crenças e ousar lutar a favor do bem, e a este propósito foi-nos também recordado pelo nosso convidado os exemplos de lutas movidas pelo ódio que mancham a história da humanidade como o caso hitleriano e o “jidahista”, ou até do impulso de emoções como o orgulho que deitam por terra toda a ação perfeita de um anjo para se transformar em Lúcifer. Faz sentido, deste modo, que a missão educativa adotada no CEI seja, como expresso acima, de toda a comunidade, pois todos somos encarregados e responsáveis pelos caminhos que apontamos ao Outro, e pelos caminhos que exemplificamos e personificamos com a nossa própria ação docente, na crença de que o acesso ao conhecimento e toda a aprendizagem favorecem o valor do bem e da justiça na escolhas e nas “armas” de que nos revestimos, aquando do duelo razão “versus” emoção ou sentimentos negativos. Recordamos, aqui a mensagem deixada pelo orador acerca da importância, não somente do que nos acontece, mas acima de tudo, daquilo que nós fazemos com aquilo que nos acontece.

Em suma, e nas palavras de um aluno do CEI, porventura o tema em discussão represente, mais especificamente, o Querer crer no bem e Ousar lutar contra o mal, isto é, as más escolhas, os maus caminhos ou as respostas acolhidas na negatividade. O reconhecimento destes limites apontados faz com que, em certa medida, não se tratem de limites por que não farão com que a escola desvirtue a sua missão ou perca a sua capacidade de integração, mas antes tratam-se de limiares, ou seja, um ponto que não se constitui como barreira mas como passagem para outro-algo.Esta “passagem” para um pensar mais rico sobre o projeto de escola é o que o CEI possibilitou a todos os que estiveram presentes nesta conferência que assinala, desta forma, um profundo momento de reflexão e discussão.

Maria Inês Gomes

Augusto Pinho